Energia escura


Nosso universo nasceu há aproximadamente 13,8 bilhões de anos em um evento denominado Big Bang. Instantes após esse evento, o universo inflou do tamanho de uma simples molécula para o tamanho de uma galáxia em um trilionésimo de segundo. Após esse fenômeno denominado inflação, a velocidade de expansão diminuiu consideravelmente.

Mas no final do século passado, a comunidade científica ficou chocada ao perceber que a velocidade de expansão do universo vem aumentando desde então. Os pesquisadores atribuíram à energia escura como sendo a força responsável por essa aceleração. A principal característica da energia escura é ter uma forte pressão negativa. De acordo com a teoria da relatividade, o efeito de tal pressão negativa seria semelhante, qualitativamente, a uma força que age em larga escala em oposição à gravidade. Tal efeito hipotético é frequentemente utilizado, por diversas teorias atuais que tentam explicar as observações que apontam para um universo em expansão acelerada.

A energia escura possui um funcionamento oposto a gravidade. Quando lançamos uma bola de tênis para o alto, a tendência é ela desacelerar devido à força da gravidade e cair. Com o universo, deveria ser a mesma coisa. As galáxias estariam se afastando uma das outras com a força do Big Bang (impulso dado pela pessoa que jogou a bola), mas a tendência seria que essa velocidade de expansão diminuísse, até o ponto de parar e o universo se contrair. Contudo, vemos uma situação contrária. É como se alguém jogasse a bola de tênis para o alto e ela continuasse acelerando infinitamente: uma gravidade repulsiva estaria agindo.

E a força dessa energia escura parece ser perfeita para configurar o universo como ele é. Se ela fosse um pouco menor, não seria capaz de manter ou acelerar a expansão do universo, e este passaria a se contrair até o ponto de retornar ao estado inicial, um novo Big Bang. Por outro lado, se a força da energia escura fosse um pouco maior, não seria capaz de manter a matéria coesa no universo, e os átomos que formam eu, você, os planetas, estrelas  e galáxias não permaneceriam unidos, e o universo seria um monótomo mar de partículas espalhadas.

A natureza da energia escura é um dos maiores desafios atuais da física, da cosmologia e da filosofia. Existem hoje muitos modelos fenomenológicos diferentes, contudo os dados observacionais ainda estão longe de selecionar um em detrimento dos demais.

Adaptação do texto de Lucas Rabello

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