Você
provavelmente já teve a impressão de que a Lua é muito maior quando está
próxima ao horizonte do que quando está alta no céu. Aristóteles (384-322AC), em sua obra De coelo, atribuiu
à atmosfera a causa da ampliação do tamanho da Lua no horizonte, embora não
falasse ainda no fenômeno da refração da luz. Depois, o astrônomo Cláudio
Ptolomeu (87-150), estudioso dos fenômenos de refração, foi além de Aristóteles
e explicou que a variação aparente do tamanho da Lua se devia à existência de
refração da luz na atmosfera. A explicação de Ptolomeu foi fielmente repetida
em vários textos medievais e mesmo posterior. Mas
se medirmos o tamanho angular da Lua Cheia após nascer, quando está perto do
horizonte, e novamente algumas horas depois quando ela estiver alta no céu,
estas duas medidas serão idênticas. O que falsifica a teoria de Ptolomeu. Faça
um teste você mesmo medindo o tamanho dela com o seu polegar. Então porque é que vemos a Lua com aparência maior no
horizonte quando esta nascendo? O que
realmente faz com que a Lua pareça gigante nestas ocasiões são os circuitos no
nosso cérebro. Apenas uma ilusão. Na
Idade Média, o estudioso árabe Ibn Al-Haitham (965-1040) - que deu importantes
contribuições à óptica - foi o primeiro a afirmar que as variações no tamanho
da Lua que se eleva é uma ilusão. Depois, no século XVII, outros
cientistas acabaram por confirmar que temos uma ilusão. Mas sobre qual o
tipo exato de ilusão ainda não há consenso. Muitas acharam que o fenômeno se
deve à Ilusão de Ebbinghaus, em que objetos de tamanho idêntico parecem de
tamanhos diferentes quando colocados em arredores diferentes. Quando a Lua está
baixa no horizonte existem muitos objetos (montes, casas, árvores, etc.) com os
quais se podem comparar o seu tamanho. Quando está alta no céu, está isolada e
por isso pareceria menor. A figura abaixo ilustra essa interpretação:
Embora não
pareçam, os dois círculos alaranjados têm exatamente o mesmo tamanho.
Porem, essa explicação é
refutada quando se verifica a permanência da ilusão mesmo na falta de
referências no solo, como acontece em alto mar ou em litorais planos.
Duas
ilusões em conjunto parecem ser a explicação mais plausível para o fenômeno. A
Ilusão de Ponzo e a Ilusão sobre o achatamento da abóbada celeste. A Ilusão Ponzo é uma ilusão ótica demonstrada pela primeira vez pelo psicólogo italiano
Mario Ponzo (1882-1960) em 1913. Ele demonstrou que a mente humana avalia a
dimensão dos objetos baseada no seu fundo. “Em situações
usuais, quando o sistema visual detecta linhas que parecem paralelas (embora na
imagem da retina não o sejam), usa o seu ângulo para estimar o ângulo do nosso
olhar relativamente ao solo. É um mecanismo automático que nos é muito útil.
Mas o que se passa é que o sistema visual, por vezes, o usa erradamente no caso
de certas figuras planas em que não se parece justificável.”
As duas barras
vermelhas têm exatamente o mesmo tamanho. Não acredita? Pegue uma régua e meça!
A ilusão sobre o tamanho da Lua também depende sobre a ilusão
sobre o achatamento da abóbada celeste. Se eu lhe perguntar
qual a forma o céu acima de sua cabeça,
você provavelmente responderia "um
hemisfério". Mas, na verdade, quase todo mundo percebe como uma tigela invertida,
achatado no topo. Se você percebesse o céu
como um hemisfério acima de você, você diria que o horizonte era tão longe quanto o zênite? Percebemos o horizonte
mais longe do que o ponto direto sobre nossas cabeças; teste após teste mostram isso. Isto não é muito surpreendente.
As nuvens sobre sua
cabeça são talvez dois ou três
quilômetros distantes, mas no
horizonte elas podem
estar a 100 km de distância!
Estes dois fatores combinam-se! A impressão do
achatamento do céu cria o pano de fundo para obter a ilusão de Ponzo sobre o
tamanho da Lua. Uma ilusão que engana o nosso cérebro que "vê" uma
Lua maior quando está próxima do horizonte em comparação quando está alta no
céu.
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